segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Filmes - J.Edgar


Heróis perfeitos, sem nenhum tipo de erro, sem nenhum tipo de desvio moral não existem na vida real, nem mesmo se é possível hoje em dia encontrar esse tipo de herói em desenhos ou histórias em quadrinhos. Os heróis da vida real podem até terem tido grandes feitos mas são, em sua maioria, pessoas com alguns desvios éticos e morais, que podem fazer de tudo para terem o que querem, podem ser doentes, podem ser controladores, paranoicos. J. Edgar Hoover, primeiro diretor da história do FBI, foi um desses heróis da vida real e é isso que o filme de Clint Eastwood nos passa com extrema clareza.


Com Leonardo DiCaprio em uma excelente atuação na pele do ex-Diretor da polícia federal americana, o filme expõe o lado heroico, o lado humano e problemático e o lado, digamos, "vilanesco" de J. Edgar. Heroico nas partes em que mostra o quanto a perseverança e idealização do protagonista são fundamentais para tornar o FBI, de uma organização com poucos poderes e entupida de corrupção na maior polícia do mundo, quando seus métodos avançados para a época foram importantes nas soluções de muitos crimes famosos nos EUA como o caso do sequestro do bebê do aviador Lindberg. Problemático nas partes em que o protagonista expõe sua repressão sexual(segundo o filme e alguns historiadores J. Edgar seria homossexual e teria um caso com seu braço direito- Clyde Tolson -) fomentada pela sua mãe, que em determinado momento diz que "preferia ter um filho morto a ter um filho homossexual", ou quando mostra um certo egocentrismo e vaidade do ex-Diretor que toma créditos só para si de prisões que nem mesmo ele participara. Já sua parte vilanesca se torna evidente nas ocasiões em que expõe-se as atividades à margem da lei que Edgar toma para ter o que queria e/ou se manter no poder, incluindo aí grampos em pessoas poderosas dos EUA e envios de cartas ameaçadoras a pessoas que ele julgava perigosas a nação(o que vai de John Lennon à Martin Luther King(SIM !!!).

Por meio de uma narração de Edgar para um agente designado por ele a escrever um livro(que ele sempre muda quase que diariamente(todos sempre bem apessoados, hmmm...) o filme vai viajando do passado ao presente do protagonista, sem nunca se perder no meio dessa transição. A atuação do elenco é muito elogiável, com destaque principalmente a DiCaprio, Armie Hammer(que interpreta Clyde Tolson) e Judi Dench(que interpreta a mãe de Hoover). O maior problema do filme pelo menos para mim, reside na maquiagem exagerada usada para envelhecer alguns atores, com o pior caso sendo o do Clyde Tolson idoso, que se na época teria seus 70 e tantos anos, no filme parece ter 180 !!!

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Retirado o problema da maquiagem, o filme se mostra uma cine-biografia irretocável, recomendada não só a fãs de filmes desse tipo e de interessados na história dos EUA mas, também se mostra um filme recomendável a todos que querem ver uma história sobre um homem que apesar de suas falhas e desvios, foi extremamente importante. No fim a película se trata de mostrar o quão falhos e distintos são os grandes homens da nossa história, os "heróis" da vida real.

off - Não sei se a relação entre Hoover e Tolson era exatamente assim na vida real como mostrado no filme, mas se for é impressionante para mim que ninguém nunca tenha descoberto algo(porque convenhamos, os dois dão muita pinta) e mais ainda o fato de nenhum de seus inimigos políticos ter tentado usar isso contra ele.
off(2) - Estaria J. Edgar Hoover relacionado aos assassinatos de John F. Kennedy, John Lennon e Martin Luther King ??? O filme permite fazer esta ligação, fiquem intrigados com essa teoria da conspiração aí.

Direção : Clint Eastwood
Duração : 137 minutos
Ano : 2011

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