sexta-feira, 3 de março de 2017

A Itália de todos os tempos




ANTES DE RECLAMAR LEIA ISSO: Diferente de outras matérias desse tipo, resolvi seguir o máximo possível de coerência tática e de posicionamento dos jogadores. Também procurei fazer a seleção seguindo a cultura futebolística do país, por isso a ausência de alguns jogadores de alto nível e grande história no futebol como Cannavaro, Nesta, Totti e Del Piero além de Rivera e Mazzola(pra ficar só nos mais recentes). Isso porque por mais que sejam talentosos, os jogadores que ocuparam suas posições foram melhores/mais icônicos. E mudar a escalação para adequar trocentos trequartistas não me parece muito "italiano" taticamente e nem colocar 6 zagueiros me parece ter muita lógica.

Bom que se deixe claro que o desempenho pela seleção foi usado como desempate entre jogadores de mesmo patamar e não como principal fator para a escolha. Rossi e Vieri, por exemplo, são os maiores artilheiros da Itália em copas do mundo, mas não foram melhores jogadores que o nosso atacante escolhido. Explicado isso, sigamos em frente!

Representação do 442 do gioco all'italiana


Esquema: 4-4-2 gioco all'italiana, como já tinha dito, usarei um esquema que condiga com a cultura tática do país. Esse 4-4-2 reinou na Itália e na Europa nos anos 70 e 80 e era o esquema utilizado pelo treinador Enzo Beazort na conquista do tricampeonato italiano em 82, além disso se adéqua perfeitamente ao estilo de jogo dos jogadores escolhidos. Mas ainda assim foram necessários pequenos ajustes na formatação do meio de campo para comportar melhor os craques escalados.









Goleiro: Gianluigi Buffon. Foi se o tempo em que a disputa de qual foi o melhor goleiro italiano da história era acirrada entre ele e Zoff, o "superman" ultrapassou Zoff na Juventus e na seleção e já é considerado por muitos o melhor goleiro de todos os tempos: Pela Juventus foi 8 vezes campeão da Serie A e três vezes vice da UCL, pro azar da orelhuda. Lenda também no Parma, onde fez sua estréia aos 17 anos contra o fortíssimo Milan de Capello e mesmo assim saiu com um clean sheet. Parma onde anos depois ganhou todas as copas possíveis, liderando um forte sistema defensivo que contava com Cannavaro e Thuram.
Na seleção foi campeão do mundo tendo sofrido apenas dois gols, um contra e o outro de pênalti, além do vice da Euro em 2012. Reflexos impressionantes, colocação impecável e o posto de jogador com mais jogos pela seleção italiana o qualificam como o portiere titular de nossa seleção.



Líbero: Gaetano Scirea. Uma posição abençoada  para os italianos, que tiveram dois dos três melhores expoentes da posição na história. A batalha na minha mente para escolher entre Scirea e Baresi foi grande, com o milanista com certa preferência em ser o titular em nosso 11. Mas como bem me lembrou Osório Lopes do blog 4-3-3, toda seleção histórica dos italianos que se preze tem Scirea como titular, optei então por adiantar Franco e deixar Gaetano na sua posição original.
Bandeira da Juventus onde ganhou sete scudetti, uma Copa dos Campeões, uma Copa UEFA e um Mundial Interclubes. Na seleção se destacou principalmente na conquista da Copa de 82, onde era o ponto de classe e elegância numa rígida defesa.
Sinônimo de classe e da posição de líbero, nunca expulso na carreira mesmo sendo um defensor; o título mundial em 82 e os sete títulos italianos conquistados além de muitos outros títulos, sempre como um dos destaques o qualificam como o líbero de nosso plantel.




Central: Franco Baresi. Para acomodar dois dos grandes defensores da história mundial, optei por adiantar Baresi para a posição de zagueiro central, lugar que poderia jogar sem grandes problemas(o considero entre os grandes líberos o melhor defensivamente). Sua absurda capacidade de antecipação, desarme e visão defensiva de jogo o qualificam ao posto de titular. Além disso tem a honra de ter sua camisa aposentada pelo Milan, clube pelo qual fez mais de 700 jogos e ganhou seis Serie A e cinco Liga dos Campeões.

Pela seleção foi campeão do mundo em 82 mas, reserva de Scirea, não entrou em nenhum dos jogos, 8 anos depois foi o líder de uma defesa só vazada nas semis contra a Argentina, em 94 foi vice para o Brasil perdendo um pênalti nas cobranças, mas foi o homem que parou Romário numa final de copa do mundo, com praticamente uma perna. Titular incontestável.



Zagueiro pela direita: Paolo Maldini. Um defensor na mais completa acepção da palavra, começou como lateral e foi com a idade recuado para a zaga, e consegue ser um dos melhores de todos os tempos em ambas as posições. Teve assim como Baresi, sua camisa 3 aposentada pelo Milan, time em que jogou toda a carreira, com 902 jogos, 7 scudetti e 5 UCL's. Em 25 anos de carreira jogou-a quase sempre em alto nível(chegando a ficar duas vezes em terceiro na Bola de ouro, 94 e 03), mesmo quando estava com a idade já avançada.

É também o terceiro jogador com mais jogos pela seleção italiana, e o segundo com mais jogos como capitão. Jogou 4 copas e tem o recorde de números jogados pela competição(2216) mas o máximo que conseguiu foi um vice-campeonato em 94. É um dos melhores jogadores de sempre a não ter ganho uma copa. Pro azar dela.


Lateral-esquerdo: Giacinto Facchetti. O terzino fluidificante do nosso plantel. Responsável por alavancar o ataque do time pelo lado esquerdo, bandeira da Inter de Milão e do catenaccio de Heleno Herrera, Facchetti era um desafogo ofensivo na retranca nerazzura, sendo um dos primeiros laterais ofensivos da história e representando a  evolução da função ofensiva exercida por Nilton Santos. Chegou inclusive a marcar 10 gols numa só edição da Serie A . Além disso tinha dotes defensivos excepcionais, ainda que seja muito lembrado pelo baile que tomou de Jairzinho na final da copa de 70.
Foi uma espécie de Maldini nerazzuro, jogando a vida inteira pela equipe da Inter e tendo sua camisa 3 aposentada para sempre. Ganhou entre outros títulos 4 campeonatos italianos e 2 Copa dos Campeões. Pela seleção, foi titular da lateral esquerda azzurra por quase uma década e meia e ganhou 1 Eurocopa(a única da história de sua seleção) e, assim como sua contraparte "diabólica", só conseguiu ser vice da Copa do Mundo, também contra o Brasil. E também como Maldini é um dos melhores jogadores de sempre a nunca ter ganho uma copa. E assim como ele, para puro azar dela.


Regista: Andrea Pirlo. Sinônimo de elegância e da posição, onde começou a atuar no Brescia após não ter atuações tão satisfatórias na sua posição de origem(meia-atacante), ainda que o conceito de regista seja bem amplo, após Pirlo, sempre que se pensar na função virá a mente um meia com classe de camisa 10 jogando de primeiro volante. De dinâmica de jogo impressionante, capaz de aparecer em todas as fases do jogo e em todos os locais do campo, capaz de dar maravilhosos lançamentos e pensar o jogo de forma magnífica, além de ser um exímio cobrador de faltas.
Jogou em 5 clubes na carreira, inclusive nos 3 grandes da Itália: Inter, Milan e Juventus. Mas foi nos dois últimos em que teve passagens memoráveis com 6 scudetti conquistados(2 no Milan, 4 na Juve). No Milan, ganhou tudo que disputou num timaço rossonero, na Juventus, foi o principal destaque(ao lado de Pogba e Vidal) de uma equipe que recolocou o clube bianconero no patamar merecido. Pela Itália foi campeão do mundo em 06 sendo depois de Cannavaro e junto a Buffon o principal destaque, tendo feito uma partida grandiosa na final contra a França. Anos depois ainda guiou a Itália a um vice-campeonato da Euro 2012. Currículo e bola mais do que suficientes para integrar o nosso XI.



Volante: Gabriele Oriali. O mediano da equipe, responsável por compensar  Pirlo na marcação e guarnecer a defesa. Ainda que Daniele De Rossi seja mais talentoso, ninguém simbolizou tanto a posição na Itália quanto Oriali(ainda que tenha começado a carreira como lateral direito), forte e implacável na marcação e com boa qualidade técnica.
Atuou 13 anos pela Internazionale faturando dois scudetti e a admiração eterna da torcida, depois passou 4 anos na Fiorentina cumprindo bom papel até se aposentar. Pela seleção foi campeão mundial em 82 fazendo parte de um forte esquema de defesa. É o cão de guarda do nosso meio de campo.



Ala direita: Franco Causio. Nos esquemas defensivos do catenaccio e do gioco all'italiana  se era comum um ala no meio de campo para compensar ofensivamente o lateral zagueiro, esse ala tinha como nome tornante e tinha que correr toda sua faixa lateral, sendo um ponta no ataque e um lateral na defesa. O principal expoente dessa função foi Causio. Apelidado de Il Barone pela técnica avantajada e de Brazil pela habilidade incrível para os dribles e ousadia em campo, tinha todos os predicados para jogar na posição, já que além de possuidor de um físico e folego invejáveis para correr por toda extensão da lateral do campo(ajudando tanto na fase defensiva quanto ofensiva), era um exímio cruzador de bolas.
Com 24 anos de carreira, atuou por 9 clubes diferentes, mas tendo como passagens de mais destaques pelos bianconeri Juventus e Udinese. Na primeira atuou por 13 anos(sendo 11 seguidos) e foi campeão de 6 campeonatos italianos, 1 Coppa Itália e 1 Copa Uefa; na segunda fez parte de uma equipe de resultados consistentes no campeonato e chegou a alinhar com Zico na sua última temporada na equipe, levando o time a um 9º lugar. Pela seleção jogou 3 copas e uma Euro, foi um dos destaques da equipe que ficou com o 4º lugar na Argentina e 4 anos depois recebeu um "presente" de Beazort ao entrar nos últimos minutos da final contra a Alemanha e se sagrar campeão mundial por sua pátria. Fôlego e técnica de sobra na direita de nosso XI.


Mezzala: Giuseppe Meazza. Craque do bicampeonato azurro de 34/38 e até hoje relembrado como um dos mais habilidosos jogadores italianos de todos os tempos, Meazza foi o primeiro grande craque italiano. Sua alta capacidade de jogar em várias posições do ataque me fazem o colocar como meia-ofensivo para dar espaço ao próximo jogador de nossa equipe(chegou a jogar como centromédio na Itália de Vitorio Pozzo). Admirador de bordéis e da noite, o craque sempre soube compensar seus "desvios" com gols e jogadas plásticas, sendo que até hoje um gol driblando vários jogadores é chamado, na Itália de "gol à Meazza".
Apesar de ter jogado nos 3 grandes italianos, o time com que teve relação mais forte foi a Inter de Milão, sendo o maior artilheiro nerazzuro com 246 gols além de ter conquistado dois scudetti; após sua morte o estádio San Siro recebeu o nome não oficial de Giuseppe Meazza. Pela Squadra Azzurra foi bicampeão mundial sendo o principal nome, resolvendo jogos difíceis no caminho do bicampeonato e foi por 40 anos o maior artilheiro da seleção italiana até outro integrante de nossa equipe o superar. Nome indispensável nessa seleção.


Trequartista: Roberto Baggio. Esqueça o pênalti perdido em 94, Baggio foi um dos maiores jogadores do seu tempo e divide com Meazza o posto de mais talentoso jogador italiano de sempre. Um fantasista fuoriclasse de esplêndida técnica, grande variedade de dribles e incrível poder de finalização, além de ser um dos melhores batedores de faltas e pênaltis de sua época. Agraciado com a Bola de Ouro de 1993, no auge de sua carreira. Tão genioso quanto genial, brigou com quase todos os técnicos que teve e chegava a algumas vezes comer um banco por divergências táticas com alguns de seus treinadores.
Amado pelos italianos, Baggio jogou em 7 clubes em toda a carreira. É respeitado no Milan, Inter e Bologna, é querido no Vicenza, é amado na Fiorentina e na Juventus e é um deus no Brescia. Pela Nazionale foram 27 gols em 56 jogos, 9 deles em Copas do Mundo o que o fazem ser ao lado de Rossi e Vieri o maior artilheiro da Itália em copas, além de ser o único que marcou em três torneios diferentes. Gênio, craque e artilheiro, nome inquestionável no nosso plantel.



Atacante: Luigi Riva. O "rombo di tuono" é o escolhido para ser o responsável por fazer os gols da equipe e abrir espaços para Baggio e Meazza. Apesar de ter começado com ponta-esquerda o jogador foi sendo cada vez mais centralizado para seu poder de finalização ser mais aproveitado. Tinha incrível capacidade para fazer gols dos mais variados e acrobáticos jeitos, ainda que praticamente só tivesse uma perna utilizável: só fez dois gols com a direita em toda a carreira.
Jogou por dois clubes, Legnano e Cagliari, sendo o maior ídolo da história do último. Pelo qual foi 3 vezes artilheiro do campeonato italiano e campeão da única Serie A da equipe. Na seleção, foi importantíssimo na conquista da única Eurocopa da história azzurra e deixou sua marca no "Jogo do Século" contra a Alemanha em 70, mas acabaria perdendo a final para o Brasil, além de também ser até hoje o maior artilheiro de sua seleção com 35 gols e, pelo que parece, continuará sendo por mais algum tempo. Técnica, elegância e faro de gol ímpar o fazem ser o escolhido para ser nosso centroavante.





E aqui nossos jogadores alinhados taticamente :

Italia definitiva - Football tactics and formations

E aí ? Gostaram ?

*Me ajudaram com pitacos : Guilherme Francisco, Gabriel Salotti, Osório Lopes, Breno Peçanha e Mateus Garcia

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