quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Big Mouth: Bizarro como a puberdade

Nos últimos anos, a Netflix - empresa americana de entretenimento via streaming - vem investindo cada vez mais em produções próprias. Com o catálogo sendo tomado por séries e filmes com o selo da empresa - como Stranger Things e Death Note - enquanto se percebe um certo número de saídas de alguns títulos de outras produtoras e estúdios.

A animação Big Mouth vem dessa leva de produções originais da Netflix, a série foi criada por Nick Kroll( que também dubla 4 personagens), Andrew Goldberg, Mark Levin e Jennifer Flackett e é uma espécie de Sitcom animada, do mesmo estilo de Simpsons ou Family Guy - sem o mesmo estilo de humor randomico como o último - e se foca em mostrar as desventuras de um grupo de amigos com a chegada da puberdade. Ou a não chegada, caso do protagonista Nick Mish.

Ele tem a companhia de Andrew Glouberman e Jessi Glaser. Que ao contrário de Nick já passam seus perrengues puberdianos. Outro companheiro de Nick é o fantasma do cantor de jazz Duke Ellington Sim porque nesse desenho também se pode ver e falar com fantasmas - pelo menos no caso dos dois protagonistas homens.

Mas o personagem que mais chama atenção com certeza é o Monstro dos Hormônios. Que é quem controla a puberdade e os desejos dos adolescentes, quase como uma espécie de anjo mau - ou bom, dependendo de como você enxerga - que fica enchendo as mentes do pobre Andrew de um sem número de perversões. Tais como o incitar a se masturbar ou tentar fazer sexo com sua namoradinha. Obviamente, existe uma versão feminina do monstro, e isso é um dos pontos positivos da animação:


Saber trabalhar bem em como cada sexo encara essa fase da vida, e as particularidades de cada um. Se os garotos estão preocupados com o tamanho do pênis e outras futilidades úteis, as meninas estão tentando se resolver com mudanças de humor repentinas e a menstruação. Os modos distintos como cada um vê seus órgãos reprodutores e como os entendem.

Também trabalha bem com temas como a separação dos pais de um dos personagens. Os questionamentos de Andrew se ele é gay ou não - com direito a um fantástico número musical de fantasmas de Freddie Mercury, Sócrates entre outros gays falecidos.

O humor da sua série é feito principalmente para chocar, pra incomodar mesmo. Coisas como cortar a cabeça de um cara e fazer sexo oral com ela. Claro que isso não é algo novo, South Park já vem fazendo isso a quase 20 anos com coisas tão grotescas quanto ou até piores. Só que a animação por vezes só fica no bizarro, e esquece de ser engraçada.

Por exemplo, um adolescente fazendo sexo com um(a) travesseiro e que acaba tendo um filho com ela - que na verdade é do seu irmão e não dele - é certamente uma imagem chocante, mas falha um pouco em ser engraçado. A série acerta o tom em mostrar o quanto essa parte da nossa vida é extremamente bizarra e vergonhosa, mas falha em alguns dos momentos que tem de dar graça às situações - afinal ainda é uma série de humor, não?.

Mesmo com minhas ressalvas à série, ainda a recomendo bastante. É interessantemente bizarro, assim como a puberdade.

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